Colaboradores do Restaurante Universitário do Porangabuçu participam de roda de conversa sobre combate à violência contra a mulher
Data da publicação: 15 de dezembro de 2025 Categoria: Sem categoriaO Restaurante Universitário (RU) do Campus do Porangabuçu transformou-se em espaço de reflexão e conscientização na última semana, quando colaboradores da unidade participaram de uma roda de conversa sobre o combate ao feminicídio e à violência contra a mulher. A iniciativa partiu do nutricionista do refeitório, Sansão Lopes, que organizou o encontro com o objetivo de sensibilizar a equipe sobre o tema.
De acordo com Lopes, a motivação surgiu da necessidade de dialogar sobre os recentes casos de violência que têm marcado a sociedade brasileira. “Diante dos últimos casos hediondos de feminicídio e violência contra a mulher que temos acompanhado, senti a necessidade urgente de trazer essa discussão para nosso ambiente de trabalho, além de compreender que podemos ser agentes multiplicadores dessa conscientização, começando por nosso próprio espaço de convivência.”

Durante aproximadamente duas horas, a equipe do RU participou de um diálogo estruturado que abordou desde dados alarmantes sobre a violência que fere e dizima mulheres no Brasil até estratégias práticas de intervenção. A atividade incluiu dados estatísticos sobre feminicídio no Brasil, os tipos de violência contra a mulher (física, psicológica, sexual, patrimonial, moral e institucional), campanhas de conscientização como “Sinal Vermelho” e “Laço Branco”, o papel dos homens no enfrentamento à violência e a importância da educação não-machista desde a infância.
Um dos momentos mais interativos e impactantes da roda de conversa foi a atividade prática da “Escada da Violência”. Os participantes receberam papéis contendo diferentes situações que representam desde as formas mais sutis até as mais graves de violência contra a mulher. Em grupos, os colaboradores analisaram situações como “Ela estava pedindo, com essa roupa” (culpabilização da vítima), “É só uma piada, não leva a mal” (naturalização do machismo), controle do celular e das redes sociais da parceira, xingamentos e humilhações em público, ameaças de violência física, agressão física propriamente dita e feminicídio. A tarefa consistiu em organizar essas situações nos degraus correspondentes de uma escada formada por folhas de papel A4 dispostas numa mesa, criando uma representação visual de como violências aparentemente “pequenas” ou “sutis” formam a base que pode levar a agressões cada vez mais graves.
A discussão avançou para a análise da relação entre patriarcado, machismo e a cultura de violência contra a mulher. A escada serviu como metáfora visual para explicar como comportamentos aparentemente isolados estão conectados em um sistema que sustenta a violência de gênero. Segundo Aline Antunes, supervisora do serviço de alimentação, “a escada nos mostrou claramente que não existe ‘violência menor’. Cada degrau sustenta o próximo. Quando permitimos uma piada machista (primeiro degrau), estamos tornando mais fácil aceitar um controle sobre a roupa (segundo degrau), e assim por diante, até chegarmos aos degraus mais altos da violência física e do feminicídio.
Para Natália Vasconcelos – Coordenadora do Restaurante Universitário, a iniciativa reforça o papel social das unidades da universidade. “O Restaurante Universitário é um espaço de convivência diária, onde formamos não apenas refeições, mas relações humanas. Essa atividade mostrou que podemos ir além da nossa função técnica e contribuir para uma formação cidadã, começando pela nossa própria equipe”, afirmou. A atividade segue as diretrizes institucionais da universidade sobre promoção da igualdade de gênero e enfrentamento à violência contra a mulher, alinhando-se também às campanhas nacionais como os “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” e a campanha do “Laço Branco”.
A iniciativa no RU do Porangabuçu, especialmente com a atividade prática da Pirâmide da Violência, demonstra que o combate à violência contra a mulher exige compreensão da progressão do problema e que ambientes de trabalho podem ser espaços potentes de conscientização e transformação social. Para denúncias ou ajuda, os canais disponíveis são: Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher, 24h, gratuito e anônimo), Ligue 190 (Polícia Militar em caso de emergência), Delegacia da Mulher mais próxima e Aplicativo “Direitos Humanos Brasil” com botão do pânico.
